Inovação: uma agenda fundamental para o desenvolvimento da indústria e do país
INOVAÇÃO não é apenas importante – é indispensável, sobretudo considerando o momento atual da economia brasileira, em que é preciso superar uma conjuntura adversa, ainda resultado da mais longa e profunda recessão da história da República brasileira. A revolução tecnológica e a indústria 4.0, que estão transformando os processos produtivos e acirrando a concorrência, tornam a necessidade de inovar ainda mais premente.
Nesse ambiente adverso, adotar um espírito inovador é questão de sobrevivência. Para uma empresa obter sucesso, já não é mais suficiente ter acesso facilitado a insumos e matérias-primas, proximidade do mercado consumidor ou baixos custos de mão de obra. É necessário fazer diferente, o que exige, cada vez mais, apostar no conhecimento, na pesquisa aplicada, na modernização de processos e no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.
Países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul e China têm direcionado seus esforços nessa área, como fica
evidente nos investimentos em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que ultrapassam 2% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, infelizmente distante dessa realidade, as aplicações se mantêm abaixo de 1,3% do PIB.
A despeito do baixo investimento em P&D, o país ganhou cinco posições no Índice Global de Inovação em 2018, subindo do 69º para o 64º lugar em um ranking de 126 países. Foi uma excelente notícia, mas o avanço ainda não nos coloca na liderança da inovação na América Latina, que permanece com o Chile.
Criada há uma década, por iniciativa da CNI, a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que reúne lideranças das principais companhias privadas do país, tem sido essencial para incluir a inovação no cotidiano das indústrias brasileiras. A partir da MEI, foram formulados programas como o Inova Empresa. Também foi âmbito de discussões na entidade que surgiu a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) – instituição com modelo
eficiente e desburocratizado.
A indústria tem cada vez mais consciência da necessidade de inovar. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela MEI, com presidentes e vice-presidentes de 100 empresas brasileiras, 31% dos entrevistados disseram que o grau de inovação industrial será alto ou muito alto, nos próximos cinco anos. Líderes e executivos do setor industrial veem esse movimento como fundamental para garantir a sustentabilidade de seus negócios.
Em virtude dessa percepção, o percentual de empresas que preveem aumentar o volume de recursos destinados à
inovação subiu de 57% em 2015 para 66% em 2019. No mesmo levantamento, 44% dos executivos afirmam que as atividades de inovação respondem, atualmente, por mais de 20% do faturamento de suas empresas.
Avançar na agenda da inovação exige persistência. É preciso priorizar o tema na agenda pública, com políticas de longo prazo, coordenação pelo alto escalão do governo e representatividade empresarial. Também é necessário, entre outras tarefas, garantir recursos para projetos relevantes, estimulando parcerias público-privadas, e formar profissionais alinhados às novas tendências tecnológicas e exigências de mercado.
Dada a velocidade das transformações impostas pela era da economia digital, que exige reações rápidas e articuladas, a indústria brasileira trabalha em conjunto com o governo federal, o Congresso Nacional e toda a sociedade para consolidar um projeto de nação que estimule os investimentos num dos principais motores do crescimento econômico: a inovação.
Fonte: Revista Indústria Brasileira, da Confederação Nacional da Indústria (CNI)